domingo, 6 de março de 2016

Sobre o livre brincar e as interferências

Caderno no chão, Eric sentado no banquinho desenhando. 

Eu, concentrada em dobrar roupas, olho de rabo de olho e digo: - filho, senta no chão!

Ele não dá confiança.

- Eric, pega sua mesa na sala então, você está todo torto.

Insucesso, a criança continua concentrada na atividade.

Insisto: Ah, filho, tive uma ideia, por que você não usa o baú e desenha em cima dele?

Silêncio... Desisto.

De repente, um barulho. E lá estava ele, assim, exatamente como sugeri.


Lanço aquele olhar "Felícia", me controlando pra não morrer de amores, fotografo discretamente e observo. Foram cerca de três minutos de concentração. Ele na atividade e eu exclusivamente nele.

Nesse tempo, lembrei de quando era professora de crianças pequenas, do quanto observava esses momentos sagrados do livre brincar e como pensava antes de interferir em alguma cena.

O que mudou? Por que enquanto mãe sou tão ansiosa? No papel de professora era mais fácil saber o limite entre "o lançar do desafio" e a interferência viciada.

Crianças precisam de liberdade, desafios, experimentações. Se existem #diferentões genuínos neste mundo, são as crianças, que desafiam as leis da física para alcançar um papel, que fazem comidinhas deliciosas com qualquer coisa que se coloque num recipiente, que associam lé com cré, que encontram caminhos virgens para as coisas mais protocolares.

Enquanto mãe, o instinto protetor fica lá gritando, querendo chamar atenção. E se materializa nas interferências de todos os tipos.

- Oh, céus! Razão pra que te tenho.

domingo, 1 de junho de 2014

Além da dor

Quem passa por uma uti neonatal não sai ileso. Dizem que os traumas sofridos por pais de uti são semelhantes aos traumas de guerra. Eu, de lá carrego mais aprendizados que traumas, mais alegrias que dores, mais amigos que conhecidos.

Foram 102 manhãs, 101 tardes, 101 noites - porque lá dentro o tempo corre diferente. Ele tinha nascido mas era como se ainda estivesse sendo gerado. E nós, como pais, entramos na casca e fomos chocados.

Uma mãe de uti nem sempre é mais puérpera, mas nem por isso está menos sensível e instável emocionalmente; assim como um bebê de uti não necessariamente acabou de nascer, mas para ele tudo é novidade, é como se tudo fosse primeira vez. Quando uma mãe junta esses dois itens e age só com o coração, seus dias viram uma explosão de adrenalina que chega a dar uma onda nos momentos iniciais e depois dificulta as coisas.

Mas não adianta, proteção materna é instinto! Que mãe não viraria o bicho vendo alguém manipular seu filho com a maior naturalidade enquanto ele chora? A vontade que dá é incorporar o whatahell e cair na voadora! É difícil não se deixar dominar pelos pensamentos mais obscuros.

Para sobreviver há de se filtrar as emoções e voltar-se um pouquinho para a razão. Quando saí da minha matrix e me abri para aquela realidade, comecei a caminhar mais leve.

Observei cuidadosamente o dia-a-dia de mais de 70 profissionais e é óbvio que tenho muitas críticas - sou mãe! - porém, aprendi a amá-los e consegui identificar pelo menos uma qualidade em cada um.

Na sala de espera fria (em todos os aspectos) descobri aconchego em outros pais. Aos poucos os cumprimentos e olhares perdidos foram sendo substituídos por papo furado, gargalhadas e choros noturnos coletivos via whatsapp.

E foi mais ou menos assim, indo além da dor, que descobri o amor mais amor que o que eu tenho pelo meu amor.

domingo, 11 de maio de 2014

Dia das Mães

Oi filho,

hoje foi dia das mães e você me deu de presente um cocô que parecia mais uma gosma tóxica de Chernobyl. Quando estiver lendo isso provavelmente já vai ter percebido que adoro presentes bizarros. Na verdade gosto mesmo é de presentes simbólicos e sinceros, como o que você me deu hoje.

Sabe, eu não sou fã de datas comemorativas e nem sei lidar direito com a enxurrada de fofices que bombardeiam nessas épocas, mas elas são importantes porque lembram que todo dia é dia de expressar nosso amor pelas pessoas. Podemos fazer isso de várias maneiras e se você se esforçar um pouquinho vai começar a entender o jeito de cada um demonstrar esse amor.


Te amo!


segunda-feira, 14 de abril de 2014

A primeira sentida



E foi assim que eu te vi pela primeira vez desde que nos separamos.

Vi quase sem ver, mas te senti e senti que você me sentia. 

Sentir é mais importante que ver, filho.

Quando a gente aprende a sentir com a alma, mais nenhum outro sentido é necessário.

Oi filho


quarta-feira, 29 de agosto de 2012

- É para amanhã!

No desespero e na ânsia não consigo escrever
A criatividade hiperativa impõe-se sobre a minha gelatina encefálica
Fato este que dificulta o gerenciamento do tempo
O dedo fica frenético de aba em aba, janela em janela
O olho astigmático não acompanha
A cabeça, ao contrário, acompanha tudo
De tudo um pouco
Esse é o problema!

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Minha inspiração é extremática 
só vem se tudo vai muito bem ou muito mal
se o emocional predomina
ou se o racional predomina.
Quando está tudo em harmonia
nada sai como poesia.

Libertação

Tente relaxar,
se não der,
abstraia,
se não der,
ignore full,
se não der,
foda-se tudo.

A verdade é uma patada!

A verdade é que a mente, mente.
Finge que se entende, e pior(!), finque te entende, mas é uma deturpada!
Risca o que não quer, escreve o que quer, e ainda por cima não envia essa informação pro consciente.
Aí, a pouca racionalidade que existe se confunde, a emoção toma conta, e o que é concreto que se explode.

domingo, 8 de julho de 2012

Fica quietinha, fica!?



Penso e ouço mais do que falo
as vezes falo mais do que penso
mas acho que nunca mais do que ouço.


Queira estar um dia na minha mente,
que pensa e fala em demasia
mais do que eu queria
talvez não mais do que deveria.


Isso aqui é uma amostra grátis fajuta.






sexta-feira, 13 de abril de 2012

E lá se vai mais um
do pele ao pó 
do pó ao céu
— nem é tão drástico assim !
Pois é a impressão que dá
tudo tem um fim 
mesmo que seja cíclico.


quarta-feira, 11 de abril de 2012

E foi assim

 eu na minha santa
não tão santa
semana santa
na qual cheguei
sofrendo 
de criatividade contida
descobri até o que não tinha
e ao final pude sentir
o privilégio de santo
que é poder estar naturalmente assim
livre


quinta-feira, 29 de março de 2012

terça-feira, 27 de março de 2012

A ideia

De onde ela vem?! De que matéria bruta
Vem essa luz que sobre as nebulosas
Cai de incógnitas criptas misteriosas
Como as estalactites duma gruta?!


Vem da psicogenética e alta luta
Do feixe de moléculas nervosas,
Que, em desintegrações maravilhosas,
Delibera, e depois, quer e executa!


Vem do encéfalo absconso que a constringe,
Chega em seguida às cordas do laringe,
Tísica, tênue, mínima, raquítica...


Quebra a força centrípeta que a amarra,
Mas, de repente, e quase morta, esbarra
No molambo da língua paralítica!


Augusto dos Anjos

quarta-feira, 21 de março de 2012

O que é o que é?

Nasce num vaso
onde nem dá pé.
Cresce pra valer
debaixo de sol
ou num igarapé? 

Sacanagens a parte, eu realmente quero saber o que é isso que nasceu na minha horta.

Conhecimento

Não diga nada sobre o que não é seu.
Se tem posse quando assimila, acomoda, generaliza.
Se não generalizar não se tem posse.


deixar de lado o tom
sem recuperar a voz
ir em busca de mais
voltar cabisbaixo
sentir o efeito dos ácidos
escrever
dormir
voltar
antigamente devia ser bom
hoje contenta
não satisfaz

Não consigo pensar,
pensando bem, só consigo pensar.
Talvez meu cérebro seja mesmo uma gelatina.
Preciso de muita estabilidade para encontrar qualquer coisa aqui.
Sei que está tudo aqui em algum lugar, só preciso me concentrar.
É como um jogo de estratégia e velocidade.
-Anda cabecinha, mais rápido, preciso me formar até depois de amanhã.


sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Foto Perdida

Ontem conheci um lugar de clima distinto. Na venda local, uma menina de uns 3 ou 4 anos compra algo e sai com a sacolinha na mão, caminhando pela tortuosa rua de areia, carregando na carcunda seu (provavelmente) irmão, de aparentável 1 ano de idade. Um sol de lascar, um vento quente e gostoso. Passa um caminhão baú e as crianças somem em meio a poeirada. -Meu Deus, as crianças! Minha alma chorou por um segundo. Olhei novamente e lá estavam elas. A mais velha tira da sacolinha uma Havaiana azul e calça o irmão. Perdi a foto. Ganhei uma história.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

DecifraÊ


Desejo ardente de mudança.
-Seu insaciável!
-Me faz pensar em círculo!
Parece até que é domingo,
mas é quarta - de cinzas, talvez seja isso.
Antes fosse domingo -pédecachimbocachimboédeourobatenotouro
otouroévalentebatenagenteagenteéfracocainoburacooburacoéfundoacabou-seomundo-
porque é mais prático seguir o fluxo e inevitavelmente mudar, nem que seja de semana.
O difícil é imaginar até onde o fluxo pode levar sem eu ter que remar.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Sono que irrita e acalma,
enquanto o chão implora,
que não chega devagar,
enquanto a pia arranha,
que engole e empurra,
enquanto a roupa murcha,
derruba de uma vez.


O vento sopra,
a poeira anda,
a pá faz barulho,
cai dentro do saco.


O detergente pinga,
a esponja esfrega,
a água lava,
a água seca.


A roupa se move,
a água cai,
o varal desce, sereno,
sobe, pesado.


- Bom dia, agora são seis horas e trinta minutos e está começando a primeira edição do RJ TV. 


Aff...
Quando          
                                                       no cérebro


              não há estantes


                                               o corpo precisa 


                      ser treinado 




para obedecer.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Vai lá, beija ele por mim.
Amanhã me diz o sabor.
Praça do Surf - Maresias - SP

E o velho dá lugar ao novo. 
E isso acontece todos os dias, 
em todos os lugares, 
em todos os sentidos.
Praça do Surf - Maresias-SP

domingo, 22 de janeiro de 2012

Rima pobre



É o inusitado que trasforma o mundo
mas o óbvio que o empurra
não consigo me encontrar.

Ainda bem que tenho um par.

domingo, 2 de outubro de 2011

Extremos

Rico burla
Gênio supera


Um burla a consciência proletária
Outro supera a preguiça subconsciente




Felizes são as flores do campo!

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

#vidaqueeulevo

Autorizarei-me um dia a, sem culpa:
- ler revista de fofoca;
mascar chiclé;
- comprar 5 picolés (só pra mim);
- tomar um demorado banho;
- ver todas as novelas;
- estourar o cartão;
- faltar ao trabalho;
- morder o meu marido;
- andar sem destino;
- escrever poemas;
- jogar twister;
- chorar vendo Chaves (Acapulco);
- quebrar o telefone;
- roer as unhas;
- brincar na lama;
- fazer histórias com nuvens;
- contar bolhas no blindex;
- encontrar meu melhor ângulo no espelho;
- andar arrastando os pés;
- apertar a pasta de dente pelo meio;
- sair com o cabelo que acordei;
- comer devagar.


Vida agitada?
Não, que isso, imagine.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

TáNaModa

Casamento;
Mêsversário;
Ir pra fora;
Fotografar...


Está na moda a superficialidade imagética.


Por enquanto.


Quero só ver o dia em que seremos obrigados a ser fake.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Insônia

Quem nunca quis um dia não ser
pra simplesmente não ter que se entender
porque pensar sinceramente não tinha
que implicar em existir.

Um turbilhão hormonal
não me deixa dormir
porque me faz sentir a noite
pra me lembrar que a manhã é dia
novo dia que velho será.

É uma lógica muito simples.
Por favor, deixe-me flutuar como cortinas ao vento
só por essa noite.
Quero libertar-me dos meus aposentos
Ir e vir sem pensar, sem sentir.





sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Poecrônica da lavanderia

Eu lavo lavo lavo roupa
todo dia
ai, dona Maria,
eu já tô com agoniaaaa!
Pega a roupa
e separa
joga na máquina
tô nem aí
quero é me divertir.
Ela enche
sacode
sacode
esvazia
enche
sacode
sacode.
Pronto!
Tá pronto.
É só estender.
Saldo:
muitas vestimentas esquisitamente limpas
um pacote de queijo provolone frito desmanchado
moedas
um arame de fechar pão
papeis picatados
um ipod.
Legal.




terça-feira, 5 de julho de 2011

Eu em Luna Clara

Às vésperas de meus 24 anos inesperadamente identifiquei-me em Luna Clara:

"Luna Clara tinha vergonha de andar com seus passos, de falar com sua voz, de balançar com seus cabelos, de ter cabeça (pra não atrapalhar a visão de quem estivesse atrás dela), de ocupar um lugar no espaço, tinha vergonha de existir, para dizer sinceramente. O nome disso é timidez, se for olhar no dicionário.

Por isso ela andava pouco e tentava passar despercebida nas poucas obrigações sociais que frequentava, um ou outro casamento, alguns batizados ou festas de aniversário.

De tanto aguçar a visão pra ver nuvens que nunca vinham, Luna Clara desenvolveu uma enorme capacidade para encontrar tarraxas de brincos, parafusinhos de óculos, tampas de caneta, botões, chaves, agulhas, percevejos, tostões, formigas de três patas, soluções para problemas de diversos tipos, esperança em desesperado, pulga em cachorro de banho recém-tomado, e respostas difíceis.

Tudo o que encontrava ela guardava no seu quarto (o que era concreto), ou na sua cabeça (o que era abstrato), olha aí a razão de tanto seu quarto quanto sua cabeça serem tão desorganizados."

Trecho de Luna Clara e Apolo Onze da Adriana Falcão.


 

quinta-feira, 23 de junho de 2011

São João Marcos

Era só uma saidinha protocolar quando os ventos mudaram. Da padaria perto de casa à São João Marcos, primeira cidade arqueológica do Brasil. Foi a primeira cidade brasileira a ser tombada como patrimônio histórico e a primeira a ser destombada, isto no governo de quem, quem, hein? Claro, Getúlio. Ele queria ampliar uma represa para suprir a falta d'água potável no Rio. Mais informações na hp do Globo . O lugar é bem bonito. A melhor época para visitar é setembro.

Algumas fotos do celular...


Depois de uns 20 km em tensa estrada de chão, a certeza de que o caminho estava errado veio com a porteira. Mas ela não intimidou muito, abrimos e continuamos, em algum lugar ia dar. Contornamos a represa pelo lado contrário do que deveríamos ir. Emocionante.







domingo, 19 de junho de 2011

Vídeo Ibitipoca

Depois de séculos consegui terminar o vídeo. Não ficou lá essas coisas, mas dá pra sentir o clima. Misturei fotos e trechos de filmagens. A música o Phill compôs lá mesmo na pousada.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Verídico

Lá ia ela
pacata cidade

Como ninguém
toda toda siquerendo

Burburinhos
autofalantes

É carro de som

Para tudo

Quem é o falecido

É de outra estância
liga não


 Lá ia ela,
pacata cidade.

Como ninguém,
toda toda, siquerendo.

Burburinhos,
autofalantes.

É carro de som.
Para tudo!

Quem é o falecido?

É de outra estância,
liga não.


 Lá ia ela:
pacata cidade.

Como ninguém:
toda toda siquerendo.

Burburinhos:
autofalantes.

É carro de som?
Para tudo...

Quem é o falecido?!

É de outra estância.
Liga não.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Última Estação

Essa última parada foi dividida em 3 estações: Belo Horizonte-Sete Lagoas-Esmeraldas. Chamei-a de Sombra e água fresca. Em BH fomos ciceroneados pelo casal Claudio e Carol, que conhecemos em Ibitipoca; em Sete Lagoas ficamos sem programar e; em Esmeraldas passamos históricos dias de convívio familiar.

Nada como conhecer por meio de quem realmente conhece. Nossa estada em BH não poderia ter sido melhor. Na subida do Pico do Pião, em Ibitipoca, esbarramos com o Claudio e a Carol; tudo começou meio tímido, aqueles papinhos bem típicos de ecoturistas, aquela troca de informação cautelosa; mas rolou uma empatia sinistra e na volta já eram mil e um assuntos. Nos identificamos tanto que eles acertaram em cheio em todos os lugares que nos levaram. Visitamos os pontos turísticos tradicionais e mais a Serra do Rola Moça e um outro pico maneirísimo que esqueci o nome :-D. Fiquei apaixonada pela igreja da Papulha, queria uma casa igual a ela! Também, só tem o que é bom... Niemayer, Portinari e Burle Marx.  Ah, ness igreja tem uma história. Estávamos lá muito admirados olhando o lindíssimo painel do altar que apresenta São Francisco de Assis rodeado por crianças e animais e vamos adando, quando Phill diz: — Ih, tem uma exposição aqui!!! Eu rapidamente falei entre dentes:—Não é exposição, é aquela paradinha que tem em toda igreja católica! Como profundos conhecedores do catolicismo depois viemos saber que era a Via Sacra. Bêlêzammmmm.

No domingo pela manhã visitamos a famosa feira Afonso Penna. Pirei, tá!? Sem ironia, de verdade, adoro aquele vuco vuco que me lembra o Saara(RJ) ou o centro de Alcântara(SG). A-DO-RO. Estar no meio do empurra, empurra, levar pisões no pé, ouvir o papo dos feirantes, observar as mulheres, meninas, garotas, homens, meninos, garotos, expirar aos poucos pra economizar ar puro, ver,tocar,cheirar a arte do povo, pode parecer estranho, mas isso me renova. Promove um encontro entre meus eus. Traduzindo para o  pragmatismo a feira possui um ótimo custo benefício. Ela possui diversos setores: couros, bijuterias, roupas, bebê/infantil, brinquedos em madeira, lar. As partes que mais gostei foram couro e bebê/infantil. É um prato feito para as mamães. Mas chegue cedo, lota e as coisas acabam. Cheguei por volta das 7h já tinha bastante gente.

No domingo mesmo pretendíamos ir a Sete Lagoas para entrar na gruta Rei do Mato e depois voltar a Esmeraldas para visitar a família. Mas acabou que ficou tarde e achamos melhor passar a noite lá mesmo e ir a gruta no dia seguinte. Andamos de pedalinho, tentamos conhecer as 7 lagoas, achamos um mirante e um mega shopping. (Em off, meus olhos brilharam ao ver um Mc donalds! Não sou muito boa de boca


No dia seguinte fomos à gruta Rei do Mato, na entrada da cidade. Vale a pena. Ela está aberta há pouco tempo pra visitação e a administração é bastante preocupada com a preservação, então está tudo lindo. Depois seguimos para Cordisburgo, a cidade de Guimarães Rosa e que abriga a famosa Gruta de Maquiné. Muito interioR o lugar. Pena que os dois trouxas chegaram lá apenas com o cartão de débito e tiveram que voltar todos os cento e poucos quilômetros sem entrar na gruta. Sapurquê, né?! Enfim, foi bom que voltamos e chegamos logo à Esmeraldas.

Bom, pra um qualquer Esmeraldas não tem grandes coisas, pra nós tem história. A história familiar por parte de mãe do Phill se passou/passa entre a Inglaterra e Minas, mais específicamente Esmeraldas. Foi muito bom conhecer os donos dos nomes que sempre rolam nas rodas e conviver com eles por uma semana. O negócio foi tão forte que pensei em 2 roteiros de filme baseados nessa semana.Torno público aqui o meu agradecimento à família que nos recepcionou tão bem.
Estou preparando um vídeo mostrando as produções artísticas geradas pela viagem. Fico por aqui.Inté.

  

               

terça-feira, 8 de março de 2011

Os Ouros

Seguíamos para Ouro Preto, estrada maravilhosa aquela Conselheiro Lafaiete-Ouro Branco-Ouro Preto. Chuva leve na subida da serra, mato de um lado, mato do outro. Vegetação diferente da que estávamos acostumados. Não deu foto, mas merecia. Entradinhas aqui e ali deixavam pistas da existência de lugares agradáveis na região. Lá no alto, pausa pra um xixi. Continuando mais um pouco, Ouro Preto, a grande decepção.

Havíamos vivenciado muitas emoções e mal sabíamos que faltava ainda àquela oferecida pelos filmes de suspense. —Ouro Preto, cidadezinha estranha —pensei assim que cheguei.
Um sobe e desce de ladeirões sinistros, uma infindade de guias te abordando, uma loucura. Não sei definir com palavras as sensações que ela me trouxe, uma mistura de preto, marrom e cinza. Não fosse pelo valor histórico e pelas figuras que conhecemos, diria —Gostei não. "O diretor do nosso filme certamente estava adorando o mau tempo.Aquele céu cinza, a chuva fina e constante, o cheiro de mofo, os becos, as ruelas —da câmara, da prefeitura, da direita— enfim tudo colaborava para o cenário perfeito." Me vinham à mente cenas de Scooby doo, o tabuleiro de Detetive e os dramáticos textos do Scotland Yard (ainda bem).  Muitas outras lembranças mais reais poderiam ter vindo à tona,  acho que era um recurso do cérebro pra manipular o medo.

Mas voltando a vaca fria, assim que chegamos perguntamos sobre a localização da travessa do albergue onde tínhamos feito reserva. Seguimos as orientações. Um guarda nos deixou no topo de um beco em declive, tipo aqueles que encontramos nas favelas do RJ. Não dava pra ir de carro. Ah, tudo bem, aqui é tudo assim mesmo, deve ser tranquilo. Descemos uns 50 metros e perguntei: Phi, vc fechou o carro? E ele meio em dúvida respondeu que não lembrava. Beleza, volta lá, vai de carro até o pé da travessa e estaciona. Eu vou descendo por aqui. E Fui. Tinha um muro com cruzes em pedra, macabro. Éramos eu, a mochila, o muro e um matagal. Continuei, mas o medo bateu e, como diz minha mãe, "sebo nas canelas. Mais a frente, casas, simples, mas casas. Medo de novo, a imagem do muro não saía da cabeça. Crianças, uffa! E continuei a descer a enorme travessa. Com as pernas amolecidas de cansaço e medo, já quase na base da ladeira, enfim, o albergue. Trouxa. Trouxa, 3 vezes trouxa, pensei. Quase desisti de ficar ali, mas as estalações eram tão jeitosinhas, a vista era tão maneira que fiquei. Pouco depois chega o Phillip ofegante pelos 70 degraus que subira. Alívio.


O cansaço era grande mas a fome era maior, precisávamos almoçar. Descemos, estávamos perto da Mina Chico Rei. Êpa, uma coisa boa! Tá começando a melhorar. Visitamos o museu da Inconfidência e perambulamos tentando fazer o reconhecimento do local. Mais a noite, já na volta, descobrimos uma igreja aberta. Ótimo, vamos entrar. Era uma missa, mas nada impedia. Arquitetura bonita, bem barrocona, nem um espacinho vazio. Mesmo depois de um susto com a imagem de um santo vestido com roupas em tecido e cabelos humanos, a visita ia bem e as palavras do Padre estavam interessantes... até  o momento em que cita o nome do falecido. —É uma missa de 7º dia!!! Essa não! Por hoje é só.

No dia seguinte fomos à Lavras Novas, um dos lugarejos escondidos da tal serra que mencionei no início. Que "cuti cuti" de lugar! A estrada até lá é sinistra, lá vai um, em alguns trechos lá vai meio, mas vale.
 
Na sexta fizemos o passeio de trem para Mariana. O passeio é legal, mas não vá pensando que é uma Maria Fumaça, é o Trem da Vale, trem comum. Mariana, gente, é outra cidade, é Ouro Preto ao contrário. Recheada de história também, mas é clara, arejada, gostosa de andar.


Na volta do trem, em Ouro Preto, visitamos a Igreja mais bonita e singela: Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos. Ela tem um formato meio arredondado e por dentro é em estilo Rococó. Só destoa o chão que é em piso hidráulico. Depois fui saber que ele foi colocado posteriormente. O chão original era igual ao da rua, em pedra. Getúlio, ao visitá-la na época de seu governo, achou que a Igreja não tinha sido concluída e mandou colocar o piso."Tudum tssss"

Dicas:

-Hospede-se em Mariana e visite Ouro Preto.


-Em Ouro Preto tem um secretaria de cultura que fornece muitos materiais de qualidade. Tem um livreto que traz roteiros e histórias.

-Em Mariana não deixe de ver o concerto de órgão.

-http://www.museuvirtualdeouropreto.com.br